Adolf Hitler (Braunau am Inn, 20 de abril de 1889 — Berlim, 30 de abril de 1945), por vezes em português Adolfo Hitler, foi o líder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (em alemão Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, NSDAP), também conhecido por Partido Nazi (português europeu) ou nazista (português brasileiro), uma abreviatura do nome em alemão (Nationalsozialistische), sendo ainda oposição aos sociais-democratas, os Sozi. Hitler se tornou chanceler e, posteriormente, ditador alemão. Era filho de um funcionário de alfândega de uma pequena cidade fronteiriça da Áustria com a Alemanha.
As suas teses racistas e anti-semitas, assim como os seus objectivos para a Alemanha ficaram patentes no seu livro de 1924, Mein Kampf (Minha luta) . Documentos apresentados durante o Julgamento de Nuremberg indicam que, no período em que Adolf Hitler esteve no poder, grupos minoritários considerados indesejados - tais como Testemunhas de Jeová, eslavos, poloneses, ciganos, homossexuais, deficientes físicos e mentais, e judeus - foram perseguidos no que se tornou conhecido como Holocausto. A maioria dos historiadores admite que a maior parte dos perseguidos foi submetida a Solução Final, enquanto certos seres humanos foram usados em experimentos médicos ou militares (ver: Experimentos humanos nazistas).
No período de 1939 a 1945 Hitler liderou a Alemanha enquanto envolvida no maior conflito do século XX, a Segunda Guerra Mundial. A Alemanha, juntamente com a Itália e com o Japão, formavam o Eixo. O Eixo seria derrotado apenas pela intervenção externa do grupo de países que se denominavam os "Aliados". Tal grupo fez-se notável por ter sido constituído pelos principais representantes dos sistemas capitalista e socialista, entre os quais a União Soviética e os Estados Unidos, união esta que se converteu em oposição no período pós-guerra, conhecido como a Guerra Fria. A Segunda Guerra Mundial acarretou a morte de um total estimado em 50 a 70 milhões de pessoas.
Hitler sobreviveu sem ferimentos graves a 42 atentados contra sua vida. Devido a isso, ao que tudo indica, Hitler teria chegado a acreditar que a "Providência" estava intervindo a seu favor. A última tentativa de assassiná-lo foi o atentado de 20 de julho de 1944, onde uma bomba, preparada para simular o efeito de um explosivo britânico, explodiu a apenas dois metros do Führer. O atentado foi liderado e executado por von Stauffenberg, coronel alemão condenado à morte por fuzilamento. Tal atentado não o impediu de, menos de uma hora depois, se encontrar em perfeitas condições físicas com o ditador fascista italiano Benito Mussolini.
Pouco se sabe sobre sua vida no período do nascimento até à entrada na política, logo após a Primeira Guerra Mundial. Em 1930, dirigindo-se a opositores políticos, declarou "Não podem saber de onde e de que família venho". Hitler envergonhava-se manifestamente das suas origens humildes. Parece não ter feito nada de relevante até o momento em que iniciou a sua vida militar. As suas declarações em "Mein Kampf", sobre a sua infância, serviram sobretudo para promoção pessoal e são, por isso, pouco confiáveis.
Adolf Hitler morava numa pequena localidade perto de Linz, na província da Alta-Áustria, próximo da fronteira alemã, e que à época era parte do Império Austro-Húngaro. O seu pai, Alois Hitler (1837-1903), que nascera como filho ilegítimo, era funcionário da alfândega. Até aos seus quarenta anos, o pai de Hitler, Alois, usou o sobrenome da sua mãe, Schicklgruber. Em 1876, passou a empregar o nome do seu pai adotivo, Johann Georg Hiedler, cujo nome terá sido alterado para "Hitler" por erro de um escrivão, depois de ter feito diligências junto de um sacerdote responsável pelos registros de nascimento para que fosse declarada a paternidade, já depois da morte do seu padrasto. Adolf Hitler chegou a ser acusado, depois, por inimigos políticos, de não ser um Hitler, mas sim um Schicklgruber. A própria propaganda dos aliados fez uso desta acusação ao lançar vários panfletos sobre diversas cidades alemãs com a frase "Heil Schicklgruber" - ainda que estivesse relacionado, de fato, aos Hiedler por parte da sua mãe.
A mãe de Hitler, Klara Hitler (o nome de solteira era Klara Polzl), era prima em segundo grau do seu pai. Este trouxera-a para sua casa para tomar conta dos seus filhos, enquanto a sua outra mulher, doente e prestes a morrer, era cuidada por outra pessoa. Depois da morte desta, Alois casou-se, pela terceira vez, com Klara, depois de ter esperado meses por uma permissão especial da Igreja Católica, concedida exatamente quando Klara já se mostrava visivelmente grávida . No total, Klara teve seis filhos de Alois. No entanto, apenas Adolf, o quarto, e sua irmã mais nova, Paula, sobreviveram à infância.
Adolf era um rapaz inteligente, porém, mal-humorado. Por ser desde cedo boêmio, foi reprovado por duas vezes no exame de admissão à escola secundária de Linz. Ali, começou a acalentar ideias pangermânicas, fortalecidas pelas leituras que o seu professor, Leopold Poetsch, um antissemita bastante admirado pelo jovem Hitler, lhe recomendou vivamente.
Hitler era devotado à sua complacente mãe e, presumivelmente, não gostava do pai, que apreciava a disciplina e o educava severamente, além de não compartilharem muitas ideias políticas. Em "Mein Kampf", Hitler é respeitoso para com a figura de seu pai, mas não deixa de referir discussões irreconciliáveis que teve com ele acerca da sua firme decisão em se tornar artista. De fato, interessou-se por pintura e arquitetura. O pai opunha-se firmemente a tais planos, preferindo que o filho fizesse carreira na função pública.
Em janeiro de 1903 morreu Alois Hitler, vítima de apoplexia. Em Dezembro de 1907 morreu Klara, de cancro, o que o teria afetado sensivelmente.
Em agosto de 1914, quando a Alemanha entrou na Primeira Guerra Mundial, alistou-se imediatamente no exército bávaro. Serviu na França e Bélgica como mensageiro, uma posição muito perigosa, que envolvia exposição a fogo inimigo, em vez da proteção proporcionada por uma trincheira. A folha de serviço de Hitler foi exemplar, mas nunca foi promovido além de cabo, que era a patente mais alta oferecida a um estrangeiro no Exército Alemão à época . O seu cargo, num lugar baixo da hierarquia militar, refletia a sua posição na sociedade quando entrou para o exército. Não estava autorizado a comandar qualquer agrupamento de soldados, por menor que fosse. Foi condecorado duas vezes por coragem em ação. A primeira medalha que recebeu foi a Cruz de Ferro de Segunda Classe em dezembro de 1914 . Depois, em agosto de 1918, recebeu a Cruz de Ferro de Primeira Classe, uma distinção raramente atribuída a não oficiais, até porque Hitler não podia ascender a uma graduação superior, já que não era cidadão alemão. Em outubro de 1916, no norte de França, Hitler foi ferido numa perna, mas regressou à frente em março de 1917. Recebeu a Das Verwundetenabzeichen (condecoração por ferimentos de guerra) nesse mesmo ano, já que a ferida era resultado direto da exposição ao fogo inimigo.
Durante a guerra, Hitler desenvolveu um patriotismo alemão apaixonado, apesar de não ser cidadão alemão: um detalhe que não retificaria antes de 1932. Ficou chocado pela capitulação da Alemanha em novembro de 1918, sustentando a ideia de que o exército alemão não tinha sido, de fato, derrotado. Como muitos nacionalistas alemães, culpou os políticos civis (os "criminosos de Novembro") pela capitulação.
Ao término da Primeira Grande Guerra, Hitler permaneceu no exército, agora ativo na supressão de revoltas socialistas que surgiam pela Alemanha, incluindo Munique, para onde Hitler regressou em 1919.
Recebendo um salário baixo, Hitler continuou ligado ao exército. Fez parte dos cursos de "pensamento nacional" organizados pelos departamentos da Educação e propaganda (Dept Ib/P) do grupo da Reichswehr da Baviera, Quartel-general número 4 sob o comando do capitão Mayr. Um dos principais objetivos deste grupo foi o de criar um bode expiatório para os resultados da Guerra e a derrota da Alemanha (ver: Dolchstoßlegende). Este bode expiatório foi encontrado no "judaísmo internacional", nos comunistas, e nos políticos de todos os setores.
Para Hitler, que tinha vivido os horrores da guerra, a questão da culpa era essencial. Já influenciado pela ideologia anti-semita, acreditava avidamente na responsabilidade dos judeus, tornando-se em breve num divulgador eficiente da propaganda concebida por Mayr e seus superiores. Em julho de 1919, Hitler, devido à sua inteligência e dotes oratórios, foi nomeado líder e elemento de ligação (V-Mann) do "comando de esclarecimento" com o objetivo de influenciar outros soldados com as mesmas ideias.
Após sua prisão devido ao comando do Putsch da Cervejaria, Hitler foi considerado relativamente inofensivo e anistiado, sendo libertado da prisão em dezembro de 1924. Por este tempo, o partido nazista mal existia e Hitler necessitaria de um grande esforço para o reconstruir.
Nestes anos, ele fundou um grupo que mais tarde se tornaria um dos seus instrumentos fundamentais na persecução dos seus objetivos. Uma vez que o Sturmabteilung ("Tropas de choque" ou SA) de Röhm, não eram confiáveis e formavam uma base separada de poder dentro do partido, ele estabeleceu uma guarda para sua defesa pessoal, a Schutzstaffel ("Unidade de Proteção" ou SS). Esta tropa de elite em uniforme preto seria comandada por Heinrich Himmler, que se tornaria o principal executor dos seus planos relativamente à "Questão Judia" durante a Segunda Guerra Mundial.
Criou também numerosas organizações de filiação (Juventudes Hitleristas, associações de mulheres, etc.). O Partido nazi teve em 1929 uma progressão semelhante à do partido fascista de Benito Mussolini, beneficiando-se do mal-estar econômico, político e social decorrente da derrota de 1918 e, depois, da crise de 1929.
Um elemento vital do apelo de Hitler era o sentimento de orgulho nacional ofendido pelo Tratado de Versalhes imposto ao Império Alemão pelos Aliados da Primeira Guerra Mundial. O Império Alemão perdeu território para a França, Polónia, Bélgica e Dinamarca, e teve de admitir a responsabilidade única pela guerra, desistir das suas colónias e da sua marinha e pagar uma grande soma em reparações de guerra, um total de $6.600.000 (32 bilhões de marcos). Uma vez que a maioria dos alemães não acreditava que o Império Alemão tivesse começado a guerra e não acreditava que havia sido derrotado, eles ressentiam-se destes termos amargamente. Apesar das tentativas iniciais do partido de ganhar votos culpando o "judaísmo internacional" por todas estas humilhações não terem sido particularmente bem sucedidas com o eleitorado, a máquina do partido aprendeu rapidamente e em breve criou propaganda mais sutil - que combinava o Antissemitismo com um ardente ataque às falhas do "sistema Weimar" (a República de Weimar) e os partidos que o suportavam. Esta estratégia começou a dar resultados.
Em 2 de agosto de 1934, Hindenburg morreu. Hitler apoderou-se do seu lugar, fundindo as funções de Presidente e de Chanceler, passando a se auto-intitular de Líder (Führer) da Alemanha e requerendo um juramento de lealdade a cada membro das forças armadas. Esta fusão dos cargos, aprovada pelo parlamento poucas horas depois da morte de Hindenburg, foi mais tarde confirmada pela maioria de 89,9% do eleitorado no plebiscito de 19 de agosto de 1934.
Desde o início, o regime teve oposição interna, tanto civil quanto militar, individual ou coletiva. Hitler sofreu diversos atentados contra sua vida. Como exemplo, em 8 de novembro de 1939, Georg Elser, numa ação solitária, tentou assassiná-lo. Os grupos oposicionistas organizados existentes no país eram pequenos, sem forças e carentes de coordenação central. Este movimento de resistência antinazista interno ficou conhecido genericamente como resistência alemã.
Após ter assegurado o poder político sem ter ganho o apoio da maioria dos alemães, Hitler tratou de o conseguir, e na verdade, permaneceu fortemente popular até ao fim do seu regime. Com a sua oratória e com todos os meios de comunicação alemães sob o controle do seu chefe de propaganda, o Dr. Joseph Goebbels (ver: Propaganda nazi), ele conseguiu convencer a maioria dos alemães de que ele era o salvador da Depressão, dos Comunistas, do tratado de Versalhes, e dos judeus.
Para todos aqueles que não ficaram convencidos, as SA, a SS e Gestapo (Polícia secreta do Estado) tinham mãos livres, e milhares desapareceram em campos de concentração, como o Campo de Concentração de Dachau, perto de Munique, criado em 1933, o primeiro de todos e um modelo para os demais. Muitos milhares de pessoas emigraram, incluindo cerca da metade dos judeus, que fugiram sobretudo para a Inglaterra, Israel (na época chamada de Palestina, sob domínio Inglês) e os Estados Unidos.
A partir de 1943, no entanto, a queda alemã tornou-se inexorável e o atentado de 20 de julho de 1944 contra Hitler, ocorrido no Wolfsschanze (Toca do Lobo), revelou a força da oposição interna. Nessa época a saúde de Hitler estava muito debilitada, possuía problemas cardíacos, era hipocondríaco, sofria de insônia, sofria também de mal de de Parkinson e estava envelhecendo precocemente. Após uma última derrota (ofensiva das Ardenas, em dezembro de 1944), Hitler refugiou-se em um bunker (esconderijo) na cidade de Berlim (o Führerbunker), onde mais tarde cometeria suicídio em 30 de abril de 1945.
Uma maioria esmagadora dos relatos históricos sustenta a tese do suicídio de Hitler. No entanto, existem rumores na América Latina segundo os quais Hitler teria fugido para um país da América do Sul (ver: Ratlines) onde teria morrido com uma doença incurável, tendo sido um sósia a morrer no bunker em Berlim. O mesmo teria acontecido com Eva Braun, sua noiva, com quem teria se casado pouco antes do suicídio. Segundo alguns historiadores, Braun teria se casado com ele somente depois de jurar "fidelidade" e prometer que se mataria junto com ele. Seus corpos não foram encontrados, ele teria mandado sua guarda cremá-los, talvez para que não houvesse nenhum modo de o inimigo torturá-lo vivo, nem após sua morte.
Uma segunda corrente de historiadores, no entanto, acredita que o fim da vida de Adolf Hitler teria ocorrido com a destruição de seu bunker em Berlim, por um grande ataque aéreo dos aliados já no fim da grande guerra. Acreditam ainda que, após este ataque a seu bunker, os corpos de Eva Braun e do braço direito de Hitler, Heinrich Himmler, também foram encontrados, mas em melhores condições que o do próprio Hitler: tinham em seus corpos queimaduras e marcas das ferragens, já o de Adolf estava carbonizado, sendo reconhecido apenas pela sua vestimenta e seu bigode. O reconhecimento do corpo de Hitler foi feito por seus próprios comandantes e soldados capturados. Pelo fato dos corpos terem sido encontrados carbonizados, os aliados teriam vinculado a notícia de que seus corpos não foram encontrados, mas se sabe, através de relatos, que não fora a ordem de Hitler para cremar seus corpos o real motivo para os mesmos terem sido localizados desta forma, mas sim o da explosão de uma bomba que teria destruído o bunker onde ele e seus fiéis colaboradores se encontravam. As autópsias feitas nos corpos encontrados no bunker em Berlim revelaram que em um dos corpos havia uma bala de pistola Luger. Boatos dizem que era a arma com a qual Hitler havia se matado antes da bomba cair em seu bunker, ou ainda que um dos seus colaboradores havia disparado contra Hitler para que o mesmo não fosse capturado vivo pelos aliados.
De: Francisco Jorge
fafricanssimo@gmail.com